terça-feira, 29 de julho de 2014

"SER O QUE REALMENTE SE É" (Soeren Kierkgaard)

Fonte: Pinterest
Esta frase é um convite de Kierkgaard a sermos quem realmente somos  e nos traz diversas reflexões. Proponho algumas:

Até onde nos conhecemos?

Até onde somos inteiros?

Até onde o medo domina?
Até onde o medo nos encaminha?

Até onde a consciência chega?
Ate onde o inconsciente tem vazão?

Até onde a raiva nos leva?
Até onde a compaixão nos aproxima?

Até onde queremos ir?
Até onde a culpa nos leva?
Até onde as obrigações nos têm levado?

Até que ponto a dor do outro nos afeta?
Até onde nós afetamos o outro?
Até onde a distância é considerada boa?
Qual a proximidade que sufoca?

Até que ponto silenciamos urros que nos sufocam?
Até onde gritamos?

Aliás, o que temos gritado?

Até que ponto somos essencialmente nós?
Onde deixamos de ser essencialmente nós?

Até onde eu me percebo?
Até onde eu tenho controle?
Qual o sintoma que fala por mim?

Tantas são as questões que envolvem nossa existência. Será que conseguiríamos responder a todas estas questões e tantas outras que poderiam surgir?
O conhecer-se é um processo apaixonante.
Às vezes um pouco doloroso, mas apaixonante.
Quão rico é o despertar para as influências que recebemos de nossa história de vida e, às vezes, não temos consciência. Para haver mudança é preciso tomar conhecimento daquilo que nos diz respeito. Apropriar-nos de nossa história, da nossa gestação, da nossa infância, nosso desenvolvimento e crescimento.
Quantas dúvidas e inseguranças parecem surgir quando nos dispomos a entender um pouco mais sobre quem somos.
O ambiente da terapia é importante neste processo. Trata-se de um local acolhedor, seguro e acima de tudo de compreensão.
Muitas vezes não se sabe exatamente quem se é, em sua essência mais pura, mas se sabe sob qual fachada se tem vivido e da qual se quer tornar livre. Qual é esta fachada em sua vida? Quais os medos que a sustentam? Quais expectativas externas se procura cumprir? (recebidas da família, amizades, cultura).
Tal processo exigirá de ti coragem e determinação para caminhar sempre, tendo em vista que o conhecer-se é um processo contínuo. Exigirá de ti empenho e responsabilidade  para se desfazer de bagagens antigas e pesadas que tem carregado, até mesmo sem saber, ao longo de toda a sua história. Mas a autonomia que você alcançará por meio deste trabalho de entendimento e auto conhecimento é libertadora.
Assim como o autor propôs, deixo hoje o meu convite para você: Busque conhecer-se melhor e cada dia mais. Apaixone-se pela sua vida e se aproprie verdadeiramente dela.
Se preciso busque um profissional capacitado para te auxiliar nesta viagem.

E, então, desfrute da maravilha de ser quem VOCÊ realmente é!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Abrindo morada para o perdão!

Fonte: Mariana Casotti
Cátia colecionava mágoas. Durante os seus 40 anos de vida havia acumulado ressentimentos que mais pareciam uma mochila pesada trazida em suas costas já cansadas. Sem perceber, a mágoa prejudicava também os seus relacionamentos atuais e não só com aqueles com quem havia se desentendido no passado.
Tinha os desafetos anotados na caderneta de sua mente e acreditava ser possível esquecê-los e deixá-los para trás de forma simples, como se riscasse na caderneta de papel as contas já pagas. Entretanto, em diversos acontecimentos de sua vida ela era convocada a se lembrar destes ressentimentos; o que lhe causava dor. O que acontecia com a Cátia? Ela confundia esquecer com perdoar e por isso o coração e a mente continuavam atribulados.
Mas será que temos assim tão claro em nossa mente no que consiste o perdão?
Se buscarmos na origem da palavra, perdão significa remissão de pena, ofensa e dívida. Significa o cancelamento da ofensa recebida do outro. Dessa forma, perdoar alguém não é o mesmo que negação nem arrogância. Explico:
(1)                  Na negação, assumimos a postura de fingir que está tudo bem. Negamos a realidade do que se passou e reprimimos a mágoa e a raiva que sentimos.
(2)                  Tão ineficiente quanto, é a arrogância que nos faz “perdoar” por considerarmos o outro um tolo. Nela assumimos uma postura de superioridade que em nada tem a ver com o perdão.
Como é possível perceber nenhuma destas duas posturas permite a reconciliação. Isto porque não abrem espaço para analisar a situação, observá-la por outro ponto de vista.
Se observarmos num panorama maior, será possível perceber o quanto as pessoas têm se tornado inflexíveis e críticas com os que os cercam. Ao mesmo tempo em que se busca uma liberdade sem limites nos relacionamentos há uma grande insegurança. Isso porque, o vínculo entre as pessoas pode ser desfeito a qualquer momento e por qualquer razão, gerando um desconforto e uma necessidade de se defender. A dificuldade do perdão se faz entender também nesta realidade.
Cada vez mais as pessoas evitam aprofundar os seus vínculos com receio de vir a sofrer. A infelicidade é tida como algo a ser combatida a todo custo, sem considerarmos que ela é parte do ser humano. E assim sendo, precisa ser ouvida e falada. Na sociedade que preconiza o combate a infelicidade, se entende o não aprofundamento dos vínculos como segurança. Sendo assim, torna-se cada vez mais difícil enxergar e compreender o outro em sua inteireza; como ser humano com suas qualidades, mas também passivo de falhas. Isso porque não quero conhecê-lo também em suas limitações, mas somente naquilo que me faz bem. Qual a consequência? Pessoas despreparadas para lidar com as dificuldades e frustrações e consequentemente “incapazes” de perdoar.
Diante do exposto, fica a pergunta: como é possível ir na contramão do senso comum e perdoar?
Creio que não exista um passo a passo a ser ensinado, mas trago a seguir algumas reflexões que poderão auxiliá-los na busca pelo perdão ou por perdoar.
A primeira reflexão que faço é sobre uma condição básica; a de estar disposto a perdoar. Perdoar exige mudar sua percepção, sua forma de agir e pensar, e por isso deve ser uma escolha sua. Exige de cada um sair de sua comodidade e dor para caminhar até o outro e não esperar do outro uma atitude.
Outra condição fundamental é a de que, para ser possível perdoar, é preciso conhecer e compreender o outro. Para isto, é necessário superar os medos com determinação, vontade e coragem. Mergulhar fundo no perdão buscando compreender as motivações do outro, colocando-se no lugar deste. Esta atitude o fará compreendê-lo melhor em sua inteireza – com suas qualidades e limites – e lhe permitirá respeitá-lo assim como ele é. Podendo não mais considerá-lo uma decepção ou desilusão (que indicam a não compreensão do outro como passivo de falhas). Permitirá que você aja com empatia, que de forma simples, é a capacidade de perceber o que se passa com o outro em seu íntimo, perceber os sentimentos e situações como a outra pessoa o vivencia.
Dessa forma, perdoar passa pelo estágio de enfrentar a dureza da realidade, enfrentar a situação ocorrida, os sentimentos decorrentes e como tudo isso o afeta.  É preciso confrontar esta realidade para depois ser possível reconciliar-se com ela. Compreender o que se passou para ser possível desatar o nó e não “simplesmente” fingir que o nó do desentendimento não existe. E para isso é importante desapegar da culpa – assumida ou projetada no outro – e abrir espaço para a esperança. Enquanto nos mantemos com o dedo apontado e procurando por culpados pela dor que sentimos, não seremos capazes de enxergar verdadeiramente o outro e nos colocarmos numa posição onde o perdão é possível. Recuperar a reciprocidade, o querer perdoar com a vontade de ser perdoado. Olhar de forma diferente.

Neste processo algumas perguntas podem ser de grande ajuda:
(1)  Você tem buscado o perdão/perdoar ou tem sido a pessoa que insiste no conflito? Buscar a reconciliação é premissa básica para o perdão. Se você tem essa consciência, deve partir de você essa busca. Procurar deixar claro que da sua parte não há mais disposição para o conflito e manter-se no caminho para a reconciliação até que se sinta disposto a um contato mais íntimo.
(2)  Consigo compreender e aceitar as incoerências do outro?
Aceito a minha família, amigos e colegas também em suas fragilidades, imaturidades, falta de preparo para assumir responsabilidades, por exemplo? Quando compreendemos e aceitamos, saímos da posição de juiz, de superioridade e conseguimos nos colocar perante o outro de igual para igual, como quem também tem limites. Aliás, será que somos tão diferentes assim, nós e eles? Quantas vezes também EU já fui perdoada e compreendida? Como me senti quando isso aconteceu?


Lembra da Cátia? Pois bem, ela já cansada de carregar uma mochila tão pesada há anos, procura a terapia após receber alguns conselhos de amigos. Após refletir sobre sua vida compreende que, para perdoar, é necessária a vontade de renovar as energias. Decidiu que a partir de hoje não quer mais a mágoa, o ressentimento e a raiva, mas sim a oportunidade de amar, respeitar e ser generosa.
A cada momento em que se lembra daquilo que lhe causava dor, ao invés de pensar e desejar o mal, foi orientada a enviar coisas boas para aquela pessoa que considerava ter lhe feito mal. Repete em cada um desses momentos: “eu te perdoo por ter me abandonado”, “eu te perdoo por ter me feito sofrer”, “eu te perdoo por ter me feito x”, enfim, “eu te perdoo”.
Vale reforçar: para perdoar é necessária a vontade de renovar as energias. Não gaste mais suas energias com sentimentos que te mantém escravo das lembranças do passado; abra espaço para um novo horizonte.
Como em todo processo de mudança, pode haver recaídas e a Cátia relata sentir dificuldades em alguns momentos. Mas o importante é manter-se vigilante para recomeçar.

Para finalizar, peço que parem por alguns minutos para pensar sobre uma frase da autora Balona (que trabalha a autocura) que acho bastante significativa:

“Se o afeto une, o desafeto ata”


E então, o que você escolhe?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Na fotografia da vida: tripé ou liberdade?

Fonte: google

Jorge é um fotógrafo e enquanto se prepara para registrar o amor de uma família, a união de um novo casal ou o momento da gestação de um filho ele pensa e decide qual a melhor opção para aquela situação. Existe dentre várias possibilidades a opção de usar um tripé.
Mas para que serve o tripé? Se você perguntar ao nosso fotógrafo, ele te dirá que uma de suas funções é garantir a estabilidade para trabalhar, evitando vibrações, movimentos involuntários e outros pontos importantes para uma boa qualidade da foto. Entretanto, nem sempre o uso do tripé é necessário e por muitas vezes a liberdade de se locomover rapidamente com a câmera e captar a espontaneidade dos clientes é essencial.
Em sua vida pessoal Jorge também tem suas dúvidas no que diz respeito a quando manter a “comodidade” de sua vida, garantindo assim a estabilidade que o tranquiliza e quando é necessário fazer as mudanças que lhe trarão melhorias.
E é sobre este assunto que eu quero falar com vocês hoje: estabilidade x mudança.
Você já se sentiu paralisado em algum momento? Qual situação te deixou assim?
Já sentiu como se algo te incomodasse ou até mesmo te tirasse o sono?
O que você costuma fazer com estes pensamentos e sensações?
É certo que nós normalmente não paramos para pensar sobre estas questões. Muitas vezes deixamos estes questionamentos e sensações de lado para conseguirmos seguir adiante e viver nossa rotina já programada, cumprir nossos compromissos e ser aquilo que nos comprometemos a ser um dia. Isso porque a sensação de que algo não está certo nos gera desconforto, nos traz a sensação de desorganização.
Inúmeros são os exemplos para aquilo que nos incomoda: (1) o trabalho que não nos realiza, (2) a rotina que não nos agrada, (3) o namoro ou casamento que não vai bem, entre outros. Ao sentir que não cabemos mais na realidade que temos, surge a necessidade de nos reinventar. Mas como? Onde iremos nos encaixar se mudarmos? Se formos diferentes? 
É...nosso mundo terá que mudar e nós precisaremos nos deixar perder,  para ser possível nos encontrar.
Perder-se! Quão difícil é sair de nossa zona de conforto, não é?
Se pensarmos no nosso cotidiano já nos propusemos algumas vezes a mudar; mudar de vida, de emprego, de curso, enfim, mudar. Mas ao tentar abandonar antigos comportamentos e atitudes nos sentimos desconfortáveis e retomamos a forma original.
Estes comportamentos e atitudes que fazem parte da nossa rotina faz com que nos reconheçamos; mesmo que sejam disfuncionais. Ou até, que não seja o mais saudável para nós.
Manter aquilo que nos é familiar permite que nos reconheçamos, ainda que exija um grande esforço para viver. Pergunto novamente: O que te prende aquilo que você é hoje, mas que não corresponde a tua essência? O que te faz sofrer, mas que de alguma forma te permite viver?
Manter-nos naquilo que nos é conhecido ou rotineiro nos permite saber do futuro, ou pelo menos tentar programá-lo. Por isso é tão difícil abandonar estas “supostas certezas”em busca daquilo que nos fará sentir mais realizados. A dúvida é: se você se permite perder, que futuro terá?
Se você se entregar à aventura de procurar o que te faz sentido como saberá o que irá encontrar?
Mas por vezes precisamos perder aquilo que de que não mais precisamos. Sempre há tempo de recomeçar. Por vezes o medo nos paralisa impedindo que busquemos aquilo que fará mais sentido em nossa vida, quer seja um trabalho, um alguém, um gesto para com o outro, etc.
Nesta busca pelo que faz mais sentido, a psicoterapia pode ser uma grande aliada. A terapia nos permite o autoconhecimento; a compreensão do que buscamos alcançar, o que tem nos impedido de buscá-lo e até mesmo como trilhar este caminho. Viver plenamente inclui a realização do sentido de nossas vidas.
Cada um possui um sentido único/particular e é de nossa escolha e responsabilidade buscar compreendê-lo e colocá-lo em prática. É preciso coragem, mas o maior presente que se pode receber em troca é o caminho e as possibilidades que se abrem diante de cada um que se coloca verdadeiramente neste processo.
Em nossa vida nos deparamos em muitos momentos com a dúvida de Jorge; usar o tripé ou a liberdade para criar. Parafraseando Clarice Lispector deixo-te uma pergunta: Qual a terceira perna que faz de ti um tripé estável, mas que te impede de caminhar?
Ou ainda: O que você fará? Permanecerá com a terceira perna ou se aventurará na busca por aquilo que te faz sentido?






terça-feira, 21 de agosto de 2012

A gestação de um pai – a realidade dos homens em uma UTI Neonatal

Fonte: Google

Por muito tempo a tradição e convenção social atribuíam papéis bem delimitados aos homens e mulheres. A configuração familiar se estabelecia da seguinte forma: ao pai cabia prover materialmente a família mantendo-se, desta forma, distante dos filhos. À mulher cabia o cuidado com os filhos e da casa. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho estes papéis começaram a mudar.
Por meio desta mudança o casal precisou se reorganizar. Mudaram-se os comportamentos e tarefas, tanto masculinas quanto femininas, foi necessário ampliar os campos de atuação, dividindo e compartilhando tarefas. Os reflexos destas mudanças são perceptíveis em diversos aspectos da vida, mas tendo aqui o foco no universo da gestação de um filho, estas mudanças já começam a aparecer desde as primeiras consultas do pré-natal. Hoje muitos dos pais acompanham suas mulheres nas consultas e este fato auxilia no desenvolvimento da paternidade.
Tendo havido uma mudança significativa nos papéis, o pai além de ser muitas vezes o provedor, também se mostra bastante presente no dia-a-dia dos filhos, por meio da atuação em sua educação, manifestação da preocupação e interesse, demonstrações de afeto, entre outras.
Entretanto, quando da internação do recém-nascido em uma UTI Neonatal, os sentimentos experenciados pela mãe como, por exemplo, o medo, também são vivenciados pelos pais. Ocorre um misto de emoções, a felicidade pelo nascimento do filho juntamente com a preocupação, o estranhamento da situação que muitas vezes, até então, não se havia considerado.
O internamento do filho em uma UTI traz consigo a iminência da morte e com isso deixa desassossegado o coração dos pais. As preocupações são várias e precisam ao longo do tempo e a medida do possível serem esclarecidas.
Muitas vezes os recém-nascidos passam muitos dias ou até mesmo meses no ambiente hospitalar, mas para os pais a volta à rotina acontece após poucos dias do nascimento. São atribuídos aos pais: cuidados com a mulher, por estar em recuperação pós-parto, continuar provendo a família, cumprir seus compromissos profissionais, cuidar afetivamente do filho, manter contato com a equipe, cuidar dos demais filhos que ficaram em casa, quando já se tem outros filhos, entre outras funções.
Alguns dos momentos mais difíceis para os pais e mães são: a primeira visita ao recém-nascido na UTI e a volta para casa. Quando da primeira visita, o pai costuma sentir uma necessidade de ser forte para confortar sua mulher e demonstrar força. Entretanto, muitas vezes, os pais também estão fragilizados, pois vivenciam a mesma dor que a mãe experencia. Outro momento delicado acontece quando da alta hospitalar da mulher. Toma-se consciência neste momento da realidade da prematuridade do bebê, voltar para casa de braços vazios.
Mesmo que temporária, cria-se uma nova rotina e com ela novas emoções, novos medos e novos desafios. Há a necessidade de alguém que auxilie o pai a enfrentar da melhor maneira e com os recursos que possui esta nova fase. Alguém que escute suas dores, suas dúvidas e acolha também suas lágrimas. É necessário que o estranhamento inicial de toda a realidade que vivenciam possa ser trabalhado para serem assimilados e assim se transformarem em força. A psicologia trabalhará neste sentido, tendo atenção especial ao relacionamento conjugal que também poderá ser afetado caso as dificuldades e sentimentos não sejam trabalhados.
Na maioria dos casos os pais encontram uma maneira sadia de enfrentar a situação e transformar em força e crescimento esta fase que vivenciam, aproximando-se e criando uma relação ainda mais saudável com sua mulher.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os ganhos da UTI Neonatal

Fonte: Google

Quero trazer hoje um pouco da minha vivência em uma UTI Neonatal.
A maternidade é, com certeza, um momento sublime na vida de uma mulher bem como a espera do bebê para o casal.
Durante os noves meses que antecedem o nascimento do bebê os pais têm a chance de se preparar para o novo papel de suas vidas, o de pais, e preparar o seu ambiente para receber e abrigar o mais novo integrante da família. Durante estes noves meses são tecidos sonhos e expectativas para o futuro, bem como se imagina como será o rostinho, com quem será parecido, como será a chegada em casa, a adaptação, como será seu futuro, que profissão escolherá e, é...os pensamentos dos papais vão longe quando se é para pensar num “serzinho” que ainda não viram, mas por quem já nutrem um imenso amor.
Entretanto, em alguns casos, a ida para casa não ocorre tão cedo quanto os pais previam. Nestes casos, por diversos motivos, os recém-nascidos precisam de tratamentos intensivos sem os quais não poderiam sobreviver. É o caso dos bebês que são internados na UTI Neonatal.
Neste momento, os pais experenciam diversos sentimentos e passam pelos famosos estágios listados por Kubler-Ross quando do enfrentamento de uma perda significativa ou morte: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. É difícil para os pais abdicar dos sonhos e planos formulados para o filho que acaba de nascer, desta forma, tendem a negar a realidade dos filhos, não reconhecendo sua real condição. Ao negar procuram se proteger até se sentirem prontos para enfrentar a situação.
É necessário o acompanhamento da equipe multidisciplinar para que sentimentos como o medo, a ansiedade e muitas vezes a culpa por parte dos pais não promovam um afastamento destes para com o recém-nascido, gerando um prejuízo nos cuidados necessários. O medo muitas vezes está relacionado ao ambiente de uma UTI como também ao desconhecimento do quadro clínico do filho. Isso porque em muitos casos o primeiro contato entre mãe e bebê se dá em sua primeira visita à UTI Neonatal. E esta realidade pode assustar quando não há o devido preparo e cuidado com os pais. Por isso é tão necessário o contato com a equipe, tanto médica, quanto da enfermagem, que explique o que significa cada fio, tubo, sensores e qual a finalidade de cada um deles. O vínculo entre equipe multidisciplinar e pais é fundamental.
Tendo o foco na relação mãe-bebê, estudos mostram a importância de promover o contato precoce entre eles, garantindo a criação do vínculo afetivo tão necessário e importante ao desenvolvimento salutar do bebê. Após o nascimento, o bebê pode ser visto, acariciado e cuidado e é necessário que assim seja, pois por estar internado na UTI pode-se criar um distanciamento. A qualidade do laço afetivo gerado entre pais e filho influenciará a qualidade dos laços futuros com outros indivíduos. Desta forma, procuramos valorizar estes momentos de troca, incentivando os pais a conversarem com o filho, chamando-o pelo nome.
A psicologia tem aí também um papel importantíssimo. Oferecer um espaço de escuta e cuidado dos pais auxilia num melhor enfrentamento da experiência que se vivencia. A impossibilidade do toque, de olhá-los sempre que quiserem, a iminência da morte, não poder exercer os cuidados básicos faz com que os pais enfrentem uma série de dificuldades que até então não haviam considerado. O estresse desenvolvido pelos pais pode ser amenizado se forem cuidados e acolhidos também pela equipe e, aí incluído, a equipe de psicologia, evitando assim o distanciamento. Oferecendo um espaço para se falar a respeito ajudará a terem força para seguir em frente e reconhecer até mesmo os ganhos que tiveram durante o período.
Mas, felizmente, na maioria dos casos o momento de levar o bebê para casa chega e a vivência da rotina hospitalar fica para trás como uma fase vivida como deveria e que com certeza fortaleceu ainda mais a relação da nova família.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Síndrome do Ninho Vazio?


Fonte: Google

Imaginem o momento da saída dos filhos de casa, seja porque vão estudar fora ou porque estão se casando e constituindo uma nova família. É a este momento que corresponde esta síndrome. Com a saída dos filhos de casa os pais sentem como se perdessem sua função parental.
Normalmente tende-se a ver este momento como sendo de sofrimento, abandono e solidão, mas nem sempre esta transição no ciclo familiar é vivenciada como negativa. A mudança em alguns casos se mostra negativa quando há uma maior dependência entre pais e filhos, seja ela emocional ou financeira. Em outros casos ainda, segundo alguns autores, o declínio na vida ocorre por outras situações associadas, como o momento da aposentadoria, por exemplo.
Por estes motivos a psicoterapia pode ser de grande ajuda. Isso porque o psicólogo ajudará a encontrar soluções que possibilitarão superar este momento de mudança evidenciando que por mais que mudar gere desconfortos, pode nos levar ao crescimento. Para encontrar novos caminhos e melhorar a qualidade de vida é preciso levar em consideração a qualidade do relacionamento conjugal, a relação que estabelecem com a rede social que possuem, ou seja, família e amigos, entre outros fatores.
Desta forma é possível compreender até mesmo que não se perde a função de pais, porque em muitas situações os filhos recorrerão aos pais para ajudá-los nos mais diversos contextos. Para algumas pessoas este momento é vivenciado como possibilidade para realizar atividades e projetos que haviam sido arquivados para se dedicar à educação dos filhos.
Entendendo como estas e outras variáveis se relacionam é possível propor mudanças e melhorar a transição para este momento.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Adolescentes: como melhorar a comunicação com o seu filho

Fonte: Google

No período da adolescência o jovem inicia um processo de despreendimento familiar, no sentido de buscar a conquista de sua independência e autonomia. É um momento importante no desenvolvimento de sua identidade.
Quando um membro da família passa por transformações, a família como um todo se modifica e é necessário fazer ajustes para integrá-las. Sendo assim, faz-se necessário uma maior flexibilidade por parte de todos os membros.
Durante a adolescência o aspecto da comunicação se mostra bastante significativo. Dependendo da abertura ou rigidez dos pais quanto a este aspecto, os filhos desenvolverão estratégias para se comunicar e se colocar perante a família.
Neste aspecto, é preciso cuidado, pois nos casos de pais que se mostram incapazes de perceber as mudanças dos filhos não permitindo o diálogo aberto, há o risco destes últimos não confiarem nos pais e consequentemente não buscá-los para orientações quanto a dúvidas que surgem nestes momentos. Quando há falta de espaço, excesso de ordens e ameaças os filhos não manifestam seus sentimentos e dúvidas. Nas famílias onde é possível manifestar-se a comunicação é mais aberta e profunda.
Estes fatos são importantes porque os filhos procurarão o momento oportuno e a melhor maneira de se comunicar com os pais, procurando obter êxito no seu pedido, por exemplo. Os adolescentes serão sensíveis para questões como o humor dos pais, o tempo disponível para a conversa, o momento certo para conversarem sobre determinados assuntos, entre outros aspectos.
Dentre as várias estratégias desenvolvidas por eles (insistência, chantagem, comparação com outros, selecionar informações) a troca é uma estratégia de negociação com os pais. Realizam os pedidos dos pais em troca do favor que pediram. Esta estratégia é interessante, pois evidencia ao adolescente que ele não é mais aquela criança que recebe tudo sem ter que arcar com conseqüências.
Nesta fase é importante que a família se flexibilize para acolher as mudanças permitindo que elas aconteçam, mas que, mesmo abrandando a autoridade em certos momentos, jamais a extinguem. Conceder aos filhos um espaço para que se tornem independentes permite uma boa comunicação e auxilia a se tornarem mais autônomos.



Mariana Godoy Casotti é psicóloga, formada pela Universidade Federal do Paraná. Cursando especialização em Terapia Individual e Familiar Sistêmica. Atendimentos na clínica localizada à Rua Ipiranga, 42, sala 01. Para agendamento de horários, fone             (44) 3019-6178       - Cianorte, Paraná